13 de maio: dia de luta e de reflexão, no passado e no presente
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13 de maio de 1888, Abolição da escravidão, foi, além de uma data marcante da história do Brasil, tema de diversas leituras e releituras. Imediatamente após sua promulgação, ocorreram intensas comemorações populares. Entretanto, muitos daqueles que aderiram ao republicanismo depois de 1888 foram, justamente, fazendeiros descontentes com a libertação de escravizados. Por essa razão, na Primeira República, não foi uma data valorizada pelas elites cafeicultoras, mesmo que estivesse incluída nas comemorações oficiais. Ainda assim, as camadas populares, pejorativamente denominadas como “zé-povinho”, em especial as associações negras, seguiram a celebrando.
Com a Revolução de 1930, o 13 de maio deixou de estar entre os feriados nacionais – não sem resistências da comunidade negra –, talvez porque o Presidente da República desejasse ocupar simbolicamente o lugar de dadivoso concessor de direitos. É significativo que o mesmo decreto que anulou o 13 de maio tenha adotado o 1o de maio, Dia do Trabalho, um feriado nacional que não constara no calendário da Primeira República. Tratava-se de deslocar as celebrações da figura de Princesa Isabel para a de Getúlio Vargas, que efetivamente passou a gozar de grande prestígio entre camadas populares negras. As historiadoras Ângela de Castro Gomes e Martha Abreu assinalaram o projeto estadonovista de inscrever 1930 como “novo e grande ponto de partida na história do Brasil”.

Em 1938, pleno Estado Novo, comemorou-se o cinquentenário da Abolição. Determinou-se a construção de um monumento na Capital Federal, ao passo em que se construía a imagem de um país onde vigorava a união das“três raças”, um Brasil mítico herdeiro de brancos, negros e indígenas pleno de “democracia racial”. Ainda que tenha ocorrido uma valorização formal do papel do negro na cultura brasileira, isso não alterava em nada as políticas governamentais em relação à sua população, conforme explica Olívia Maria Gomes da Cunha Em 1953, já no interregno democrático entre dois períodos ditatoriais,foram repatriados os restos mortais da Princesa Isabel e seu consorte. Tal experiência foi registrada em vídeo. Para assistir, clique aqui.
A pesquisa da historiadora Natália Pinto, cujo trabalho está apresentado neste mês no APERS Entrevista (para a Parte I clique aqui. Para a Parte II, aqui), demonstrou o papel das famílias de escravizados como forma de resistência ao regime escravocrata, e como elas foram acionadas nas lutas pela liberdade e na conquista de alforrias. Segundo sua interpretação, a libertação de parentes e de pessoas das mesmas origens étnicas “ruía paulatinamente a estrutura do sistema escravista”.
Aos 130 anos da Abolição, outras releituras, assim, foram feitas. Desconsiderar a importância do 13 de maio significa fazer pouco da luta de todos aqueles que batalharam por ele e que celebraram sua chegada. Sem contrapor a importância do Dia da Consciência Negra, o 13 de maio ressurge como data, não de celebração, mas de reflexão e luta.
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