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Entrevista com Djiovan Vinícius Carvalho - Parte II

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APERS Entrevista
APERS Entrevista - Foto: Divulga APERS

Na semana anterior, o historiador Djiovan Vinícius Carvalho nos contou sobre sua pesquisa de mestrado e sobre o papel desempenhado pelas fontes custodiadas pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul. Vamos ler a continuidade da entrevista!

4) Por que a opção por uma pesquisa biográfica? E como você chegou à figura de Antonio da Silva Vasconcellos?

No meu último ano de graduação passei a realizar um estágio no Instituto Histórico de Passo Fundo. Minha primeira atividade foi organizar e catalogar uma biblioteca que havia passado por cinco gerações de uma mesma família. Ao folhear as obras, as marcas de posse dos livros foram aparecendo e aquilo me intrigou. Conforme os livros iam sendo agrupados, passei a pesquisar rapidamente a família, para compreender a cadeia custodial da biblioteca. Posteriormente, em uma visita do presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS) a Passo Fundo, ele nos informou que o IHGRGS havia recebido um grande volume de documentos da mesma família. Logo na sequência, nos deslocamos até Porto Alegre para conhecer os documentos e aí me deparei com uma imensidão de registros, cartas, fotos, documentos contábeis, cadernos, livros, jornais e revistas. A ideia era produzir um guia de fontes com os dois acervos, obviamente complementares. Já no fim da graduação, tendo optado por não dar continuidade à pesquisa sobre Patrimônio Cultural, desenvolvida na Iniciação Científica, e me vendo sem um tema para desenvolver uma pesquisa no mestrado, a amiga Vanessa Gomes de Campos, então arquivista do IHGRGS, me desafiou a pensar em um projeto que utilizasse aquela documentação. Assim, passei a ter mais contato com os documentos e elegi Antonio de Vasconcellos como um potencial ponto de partida, em um primeiro momento sob um viés mais político. Ao longo do mestrado o projeto foi se reorganizando, então optei por realizar uma pesquisa biográfica, ampliando a atuação política do indivíduo estudado. Um ponto difícil nesse processo, devido à grande quantidade de fontes, foi a escolha pelo recorte em utilizar as correspondências pessoais de Vasconcellos como as principais fontes do trabalho, em detrimento de outros documentos do arquivo pessoal.

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Em destaque o historiador Djiovan Vinícius Carvalho.

5) Você tentou ou conseguiu estabelecer contato com os descendentes de seu biografado? Cogitou ou cogita realizar entrevistas de História Oral, considerando a possibilidade de proceder a entrevistas remotas em um contexto pandêmico?

Durante a pesquisa tive o prazer de conhecer um dos trinetos do Antonio e acessar parte do acervo que ainda está sob custódia da família. Também recebi a visita, no Instituto

Histórico de Passo Fundo, de descendentes desse trineto, respectivamente tetra e pentanetos de Antonio de Vasconcellos que foram conhecer as instalações do IHPF. Em função do tempo, não utilizei a História Oral na dissertação, mas isso está previsto para acontecer na tese.

6) O que podemos esperar de seu doutorado? O Arquivo Público continua na rota de seus itinerários de pesquisa?

Muitas foram as questões levantadas durante o desenvolvimento da pesquisa de mestrado. Uma delas, se não a principal, foi por que os descendentes guardaram um volume tão grande de documentos de Vasconcellos e como esse conjunto acabou sendo dividido e doado a diferentes instituições de custódia? Portanto, na tese estou explorando a trajetória custodial do acervo. Obviamente que o APERS continua no meu itinerário de pesquisas. Aliás, foi graças a processos de sucessão e alimentação que pude compreender melhor o universo familiar dos descendentes de Vasconcellos, conseguindo estabelecer alguns marcos temporais no processo de custódia dos documentos. Além disso, o APERS é uma das principais instituições custodiadoras utilizadas por mim, dado que a diversidade e o volume de documentos permitem que, dependendo da temática de pesquisa, os problemas que emergem do passado sejam mais bem compreendidos. Ainda, por desenvolver pesquisas paralelas, sobretudo no Instituto Histórico de Passo Fundo, recorro ao APERS para consultar processos-crime, inventários, livros dos tabelionatos, habilitações de casamento etc. Gosto de pensar nas palavras de Arlette Farge, então, abordo essa documentação como milhares de vestígios de homens e mulheres, cujas vidas foram apanhadas em algum momento específico, e isso permite um “súbito encontro com existências desconhecidas, acidentadas e plenas”.

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