Um estudo sobre o patrimônio florestal do estado: possibilidade de pesquisa em processos administrativos
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No ano em que ocorre a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, as questões climáticas estão fresquinhas em nossa memória e no cenário geopolítico mundial. Com isso, não podemos deixar de olhar para nosso passado e tentar entender quais foram os caminhos que levaram a uma degradação tão grande de nossos ecossistemas.
Pensando nisso, resolvemos abordar essa questão e apresentar um documento, de 1946, que já reflete um pensamento à frente de seu tempo, lançando um aviso, em forma de estudo, sobre a degradação do patrimônio florestal do estado do RS.
Este documento faz parte do Acervo da Secretaria da Agricultura que está passando por tratamento técnico desde o fim de 2021. É composto por processos administrativos que tratam principalmente sobre pedidos de concessão e expedição de títulos de propriedade de terras entre os anos de 1939 a 1979. Porém, não é raro encontrarmos processos que relatam outros assuntos diversos que tramitavam por esta secretaria.
O documento em questão data de 02 de agosto de 1946 e foi desenvolvido, em meio a um cenário crescente de exportação de madeiras de lei (dormentes, lenha, moirões etc.), além dos pinhos. Esse aumento de corte e exportação cresceu 49% entre os anos de 1941 e 1944, o que representava 81.152.387 e 164.602.956 em volume de corte, respectivamente, apresentando uma elevação de 83.450.569 nesse período.
Entre os anos de 1941 e 1945, foi cortado um volume de mais de 665.880.000 k em madeira e, segundo o estudo, esse cenário contribuiria para uma escassez total de madeira para corte no estado em 37,7 anos. A situação se tornava mais grave quando pensamos nos dados estatísticos de cada município: em Carazinho seriam 8 anos para acabar esse patrimônio; em Palmeira das Missões, 7 anos; Getúlio Vargas, 6,8 anos e Erechim, 19 anos.
Mas é claro que para qualquer problema existe uma solução! Nesse mesmo estudo, temos gráficos específicos, embasados nas experiências de outros países para a criação de um plano de reflorestamento e proteção das matas do estado. Com esses dados, a pesquisa ganha forma de proposta: a exportação de madeira de lei (mais prejudicada, com base no estudo) se limita, criando-se, assim, uma perspectiva para o aumento das taxas de plantio das mesmas. Além disso, a criação de hortos e parques florestais, sugeridos pelo agrônomo responsável, também são aceitos, fazendo com que o patrimônio florestal do estado ganhe novas perspectivas, protegendo o nosso futuro, o do estado e do mundo onde vivemos.