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Documentando a experiência da COVID-19 no RS: conheça, entenda e participe!

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Banner Documentando a experiência da COVID-19 no Rio Grande do Sul
Banner Documentando a experiência da COVID-19 no Rio Grande do Sul - Foto: ASCOM

Quando, em abril desse ano, em meio à pandemia de COVID-19, alguns servidores do Arquivo Público provocaram internamente a discussão a respeito da oportunidade de construir ações que ajudassem a documentar o período histórico que estamos vivenciando, não imaginávamos a envergadura que a iniciativa poderia tomar. Tampouco imaginávamos quanto tempo perduraria o isolamento social ou quais seriam os desdobramentos da pandemia no Brasil. Entre a preocupação com a preservação dos documentos públicos, produzidos no âmbito da Administração Estadual – e que são alvo de outra ação, que desejamos poder compartilhar em breve – e a compreensão de que uma instituição arquivística pública pode, sim, colaborar para o registro de memórias da comunidade, foram longos debates, muitas reuniões virtuais entre servidores da casa e de diversas outras instituições, construindo uma rede capaz de dar corpo ao projeto que finalmente foi lançado na última sexta-feira, com ampla divulgação virtual construída em colaboração com a ASCOM/SEPLAG: “Documentando a experiência da COVID-19 no Rio Grande do Sul”.

Card 12 Documentando a experiência da COVID-19 no Rio Grande do Sul
Card 12 Documentando a experiência da COVID-19 no Rio Grande do Sul - Foto: ASCOM; Clarissa Sommer

A semente do projeto interinstitucional foi germinada a partir da relação que o APERS consolidou, na última década, com o Departamento e o Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, com os quais desenvolve há anos o Programa de Educação Patrimonial UFRGS-APERS, assim como promove uma série de eventos e reflexões sobre temas diversos que conectam arquivo com universidade, tratamento e difusão de acervos com pesquisa e produção de conhecimento. A partir dos primeiros contatos de nossos historiadores, Rodrigo Weimer e Clarissa Sommer, com Carla Simone Rodeghero (prof.ª História/UFRGS), mais colegas do Arquivo e da Universidade foram incorporados, e passaram a contatar parceiros em outras universidades, grupos de pesquisa e instituições de memória, debatendo a possibilidade de uma ampla ação para o registro das experiências subjetivas vivenciadas pela população sul rio-grandense nesse contexto. Hoje já somos 12 instituições em atuação conjunta, e a perspectiva é de que tenhamos mais se somando em seguida.

Skype, Meets, WhatsApp, StreamYard... Essas foram algumas das plataformas que viabilizaram nosso contato intenso de abril até aqui, minimizando a distância, ainda que virtualmente, e conectando idéias. Até que chegássemos ao formato com o qual o projeto foi lançado – organizado em dois eixos, um voltado à coleta de experiências via preenchimento espontâneo  de formulário online, e outro voltado à realização de entrevistas de História Oral direcionadas a públicos-alvo específicos em cada instituição – realizamos muitos encontros para debater objetivos comuns, referenciais teóricos, usos e potencialidades de ferramentas virtuais, metodologias que garantissem uniformidade à produção das fontes assim como respeito ao isolamento social garantindo a segurança dos envolvidos. Nosso projeto tem como referência iniciativas de outras instituições no Brasil e no mundo. Entretanto, a utilização da metodologia de história oral é uma originalidade aqui. Diante da impossibilidade de realizar entrevistas presenciais, utilizaremos diversas plataformas para depoimentos remotos.

Chegamos a um resultado que pode ser acessado na página do projeto nesse site (acesse aqui). Ele unifica diretamente as instituições a partir do formulário online (acesse aqui) – todas elas difundem a mesma ferramenta – e abre espaço para iniciativas singulares no campo da história oral, de modo que seja possível acolher e registrar experiências de públicos variados como estudantes, professores, gestores públicos, profissionais da saúde e de serviços essenciais, esportistas, etc. Cada instituição definiu seu público-alvo de acordo com seus interesses de pesquisa. Temos, ainda, a preocupação de que o formulário circule pelas mais diversas classes sociais, grupos etnicorraciais, pessoas de identidades de gênero e orientações sexuais plurais.

Uma primeira conquista foi a aprovação do projeto submetido conjuntamente por UFRGS e APERS ao Comitê de Ética em Saúde via Plataforma Brasil. Decidimos que, nesse aspecto, cada instituição poderia proceder conforme exigências internas para dar conta de questões éticas ligadas especialmente às entrevistas. De todo modo, a aprovação obtida por esse texto contribui para respaldar as demais ações no âmbito do projeto global, e certamente configura-se como um feito especial, tendo em vista as especificidades da iniciativa e o ineditismo da submissão de projetos das ciências humanas e sociais aplicadas a comitês da saúde no Rio Grande do Sul.

Quanto ao formulário online, foram incansáveis reflexões entre os representantes das instituições envolvidas buscando um formato que demonstrasse o perfil dos participantes em toda a diversidade que se deseja alcançar, e que não se tornasse tão extenso a ponto de inviabilizar seu preenchimento, mas ao mesmo tempo fosse amplo o suficiente para registrar de modo qualitativo essa experiência tão singular, dramática e sensível.

Quanto à História Oral, além de considerar todas as implicações teórico-metodológicas há anos debatidas e construídas nesse campo, colocam-se os desafios de realizá-la integralmente em modo virtual, de captar áudios e vídeos com qualidade, de descrever as entrevistas de modo perspicaz viabilizando acesso aos relatos não apenas para pesquisadores das ciências humanas, mas para a sociedade em geral.

Em todas as esferas, são prementes os desafios do tratamento, arquivamento e difusão das fontes produzidas, que colocam reflexões sobre descrição e preservação de acervos nato digitais na ordem do dia entre os servidores do Arquivo Público. Entretanto, como muito bem lembrou a professora Carla em live de divulgação do projeto realizada ontem à tarde pelas redes sociais do IFCH/UFRGS, são desafios como os trazidos por esse projeto que ajudam a nos mover, nos manter em pé, esperançosos e ativos nesse período. Há quase quatro meses em isolamento, caminhando em terreno nebuloso, sem muitas certezas em relação às ações do poder público, e mirando a trágica marca de 100 mil mortos no país, enxergar um modo sensível de colaborar socialmente, a partir de nossas áreas de atuação profissional, torna-se uma motivação para seguir em frente.

De sua parte, colabore também para registrar e significar essa experiência! Participe preenchendo o questionário e nos ajudando a divulgá-lo!

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